Convento da Penha

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Fundado em 1558 por Frei Pedro Palácios, o convento se transformou num símbolo de fé, cultura e identidade capixaba.

Situado a 154 metros de altitude, o convento oferece uma vista privilegiada sobre as cidades de Vitória e Vila Velha e o verde remanescente da Mata Atlântica pode ser avistado de vários pontos da região.

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História e Fundação

Em plena era das navegações e da colonização, Frei Pedro Palácios, um devoto franciscano, fundou o convento em 1558. Inicialmente concebido como um modesto santuário, o local foi se expandindo com reformas e ampliações que acompanham a evolução espiritual e social da região.

Cada pedra e cada parede guardam segredos e memórias de uma fé inabalável, testemunhando a trajetória de um Brasil em construção.

Entre seus tesouros destaca-se a “Sala dos Milagres”, inaugurada em 1952, onde fiéis deixam depoimentos, orações e objetos que simbolizam experiências de fé e transformação.

A Ladeira da Penitência

Também conhecida como Estrada das Sete Alegrias de Nossa Senhora, esta via sinuosa, pavimentada com a tradicional pedra sabão, tem sido o caminho dos peregrinos por gerações. Cada curva revela um momento sagrado, representando as alegrias da Virgem:

Anunciação do Anjo: O anúncio divino que prenuncia a chegada da salvação.
Visita de Maria a sua prima Isabel: Um encontro repleto de emoção e bênçãos, simbolizando o laço familiar e a esperança.
Nascimento de Jesus: O divino nascimento que marcou o início de uma nova era.
Adoração dos Reis Magos: O reconhecimento dos reis que, com seus presentes, celebram a luz que veio iluminar o mundo.
Encontro do Menino Jesus no Templo: Um momento de descoberta e reverência, onde a sabedoria divina se manifesta.
Visão do Jesus Ressuscitado: A esperança renovada dos fiéis diante do triunfo da vida sobre a morte.
Assunção de Maria e sua Coroação no Céu: O glorioso instante em que Maria é elevada aos céus, coroada em glória e ternura.

Mistérios e Curiosidades

Conta a tradição que Frei Pedro Palácios trouxe de Portugal um painel de Nossa Senhora das Alegrias e o colocou na capela de São Francisco, no Campinho. Certo dia, o painel desapareceu misteriosamente, sendo encontrado no alto do morro entre duas palmeiras. Após o ocorrido se repetir três vezes, o frei interpretou como um sinal divino para construir uma capela no local indicado pela santa.

Frei Pedro Palácios vivia na companhia de um gato e um cachorro na capela de São Francisco. Quando precisava se ausentar, deixava para cada animal uma quantidade de bolinhos de farinha correspondente aos dias de sua ausência. Curiosamente, os animais consumiam apenas um bolinho por dia, aguardando fielmente o retorno do frei para consumir o último.

Durante o século XVII, invasores holandeses tentaram atacar o Convento da Penha. Relatos afirmam que, ao se aproximarem, os invasores avistaram soldados a pé e a cavalo descendo das nuvens ao redor do santuário para defendê-lo. A visão milagrosa teria causado a retirada dos holandeses, salvando o convento da invasão.

Em 1769, uma severa seca assolou a região de Vitória, enquanto a mata ao redor do Convento da Penha permanecia verdejante. Desesperados, os fiéis organizaram uma procissão marítima levando a imagem de Nossa Senhora da Penha até a capital. Logo após a procissão, chuvas abundantes caíram sobre a região, encerrando o período de estiagem e sendo atribuídas à intercessão da santa.

A construção do Convento da Penha foi realizada com a mão de obra de escravizados e indígenas, que desempenharam um papel fundamental na edificação desse importante marco histórico. Até hoje, é possível observar vestígios desse passado na área externa do santuário, onde ruínas próximas à Secretaria do Convento indicam a existência de uma antiga senzala. As técnicas de construção empregadas seguiram os métodos tradicionais da época, utilizando uma argamassa composta por óleo de baleia, conchas trituradas e pedras, garantindo maior aderência e resistência às estruturas. Essa combinação de materiais permitiu que o convento permanecesse de pé ao longo dos séculos, resistindo às intempéries e preservando sua história.

Antigamente, apenas os homens podiam subir ao Convento da Penha durante a romaria. As mulheres, impedidas de participar da caminhada sagrada, tinham que esperar no Campinho ou em outros locais próximos. A tradição foi sendo modificada ao longo dos anos, permitindo que hoje todos possam realizar a peregrinação sem restrições.

Em 1850, após o convento ser atingido por raios, algumas partes das estruturas foram destruídas, sendo restauradas sob a liderança de Frei João Nepomuceno Valladares.
Fonte: Felipe Keneddy Presenza

Como Chegar

O acesso ao Convento da Penha começa pelo Campinho, de onde se tem uma bela vista antes da subida final de 365 degraus até o santuário. Para chegar ao Campinho, é possível subir a pé pela Ladeira da Penitência, um percurso de 457 metros cercado pela mata ou pela via pavimentada para veículos, outa possibilidade é utilizar o serviço de vans disponível na portaria do Convento. Durante a semana, também é permitido subir de carro ou Uber e estacionar no Campinho, mas nos finais de semana e feriados, o acesso de veículos particulares é restrito. Nesses dias, além das vans, os visitantes podem optar pelo Trenzinho das Alegrias, uma alternativa temática para completar o trajeto até o topo.

Capelinha de São Francisco

Construída entre 1558 e 1562, a capelinha apresenta um telhado colonial e um altar modesto, dedicado a São Francisco de Assis. Este espaço íntimo abriga relatos emocionantes, como o de Frei Pedro Palácios, cuja presença se eterniza após seus últimos momentos ali vividos.

Personalidades Históricas

Retrato de Frei Pedro Palácios, fundador do Convento da Penha
Frei Pedro Palácios (1500-1570)

Frei Pedro Palácios foi um franciscano espanhol que, em 1558, fundou o Convento da Penha, um dos maiores símbolos de fé no Espírito Santo. Inicialmente, viveu como eremita e dedicou-se a evangelizar os indígenas e colonos, usando seu zelo pela fé para transformar a vida religiosa da região. Apesar de não ser sacerdote, ajudou a consolidar a devoção à Nossa Senhora da Penha, ajudando a aumentar a importância do convento para a comunidade local, que passou a buscar ali proteção e fortaleza espiritual.

Dom Pedro II, imperador do Brasil, em retrato clássico do século XIX
Dom Pedro II (1825–1891)

Dom Pedro II, imperador do Brasil de 1831 a 1889, deixou uma marca profunda na história do Espírito Santo com sua visita em 1860. Durante sua passagem pela região, ficou impressionado com a tranquilidade do Convento da Penha e o estilo de vida simples e religioso dos capixabas. Conhecido pelo seu interesse pela cultura, foi um defensor do desenvolvimento e da cultura regional, reconhecendo a importância do patrimônio histórico e espiritual do estado.

Dom Luiz Scortegagna, bispo católico que liderou a Diocese do Espírito Santo no século XX
Dom Luiz Scortegagna (1881–1951)

Dom Luiz Scortegagna foi um bispo católico cuja trajetória marcou profundamente a história religiosa do Espírito Santo. Nascido na Itália em 1881, imigrou ainda criança para o Brasil, onde iniciou sua formação sacerdotal. Ordenado padre em 1908, destacou-se como pároco e líder religioso no Rio Grande do Sul antes de ser nomeado Bispo Coadjutor do Espírito Santo em 1932. Ao assumir a diocese no mesmo ano, dedicou-se à expansão da vida religiosa e ao fortalecimento das obras apostólicas, deixando um legado de zelo pastoral e compromisso com a comunidade católica.

Marcos Históricos no Espírito Santo

A colonização do Espírito Santo não ocorreu sem resistência. Os indígenas locais, principalmente os Tupiniquins e Aimorés, lutaram contra a ocupação portuguesa, resultando em confrontos constantes. O convento, sendo um símbolo do domínio religioso e europeu, tornou-se um local de refúgio e resistência para os colonos. Muitos moradores da região subiam ao morro em busca de proteção durante os períodos de maior tensão. A presença de religiosos como Frei Pedro Palácios e os jesuítas ajudou a intermediar relações entre colonos e indígenas, promovendo a catequese e buscando evitar confrontos, ainda que a conversão forçada tenha sido uma prática comum na época.

Embora o Convento da Penha tenha sido fundado pelo franciscano Frei Pedro Palácios em 1558, sua missão estava alinhada com a visão dos jesuítas: catequizar, evangelizar e consolidar a presença cristã no Brasil. José de Anchieta menciona Frei Pedro Palácios em seus escritos, indicando que os dois compartilhavam do mesmo propósito evangelizador. Anchieta, que era jesuíta, reconhecia a importância da obra do franciscano na propagação da fé.

No século XVI, episódios marcantes fortaleceram a devoção a Nossa Senhora da Penha, transformando o santuário num símbolo de fé e proteção para os navegadores e colonizadores.

Ao longo da história, o Convento da Penha serviu como refúgio em diferentes momentos. Durante o período colonial, foi um local de proteção para missionários e fiéis diante de conflitos entre indígenas e colonizadores. No século XIX, em meio a crises políticas e perseguições religiosas, o convento continuou sendo um ponto de segurança e abrigo para religiosos. Seu isolamento no alto do morro contribuiu para que fosse um espaço de contemplação e, em tempos de instabilidade, um refúgio espiritual e físico.

Atividades

Visita Guiada

Missas

Trilhas

Museu

Mirante